Campanha de prevenção de gravidez na adolescência é incentivada por meio de lei aprovada na ALE-RR

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Com a chegada de fevereiro, uma nova campanha entra em cena com o intuito de informar a população sobre a gestação na adolescência. Por meio da Lei nº 782/2010 foi instituída a Semana Estadual de Prevenção à Gravidez na Adolescência, uma norma criada e aprovada na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) e incorporada ao calendário oficial de eventos do Estado.

De autoria do ex-deputado Célio Wanderley, o texto incentiva que sejam realizadas, a partir de 1º de fevereiro, palestras sobre a temática nas escolas públicas e particulares, em hospitais públicos da capital e do interior, bem como nas unidades prisionais e maternidades. Além disso, a matéria propõe a distribuição de panfletos ao público em geral.

Tal norma se torna ainda mais relevante quando são analisados os números. De acordo com dados divulgados em 2023 pelo Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Sistema Único de Saúde (SUS), um a cada sete bebês brasileiros é de mãe adolescente. Em Roraima, a principal maternidade do Estado registrou um total de 9.901 partos, sendo 1.470 deles de pacientes entre 11 e 18 anos, um percentual de quase 15%.

Analisando o lado biológico, o corpo da adolescente está em desenvolvimento e, por isso, a gravidez tem mais riscos. Quem afirma isso é a ginecologista obstetra Eugenia Rebelo, que listou algumas consequências da maternidade precoce.

“Nas estatísticas de mortalidade materna, a adolescente é sempre uma grávida de alto risco, porque ela pode ter problemas, a exemplo de anemia, pré-eclâmpsia e outras alterações. O corpo ainda não está completamente preparado para o parto e nos casos de meninas entre 10 e 15 anos os partos são ainda mais difíceis”, destacou a médica.

Outro dado alarmante é que o Estado de Roraima possui a maior taxa de fecundidade entre meninas de 10 a 14 anos do Brasil, conforme divulgação da organização Gênero e Número no ano passado. Essa estimativa mostra a quantidade de filhos que uma mulher teria ao longo de sua vida reprodutiva.

“O dado mostra que, no nosso Estado, a mulher adolescente engravida mais vezes com menos idade, demonstrando também um indicador de desenvolvimento social. Esse contexto evidencia que as adolescentes não têm conhecimento nem acesso aos mecanismos de prevenção da gravidez”, informou Eugenia.

Além desses fatores, a gravidez de uma menina em desenvolvimento traz consequências emocionais. A psicóloga Gabriele Almeida ressalta que as responsabilidades gestacionais causam um impacto social e mental para uma jovem mãe, aumentando a probabilidade de transtornos psicológicos.

“O corpo e o cérebro de uma jovem ainda estão em fase de amadurecimento e criando a própria personalidade. Quando ocorre uma gravidez, a menina precisa ter uma certa responsabilidade, que naquele momento pode não ser alcançada. Então, pode acontecer algum transtorno de ansiedade e depressão, já que estamos falando de um processo acelerado de crescimento para ser mãe ou pai”, analisou a psicóloga.

Por isso, a profissional destaca que a melhor forma para prevenir é a informação, principalmente por meio da relação de confiança que deve existir no seio familiar.

“Muitas pessoas pensam que o fato de a gente falar sobre sexualidade e sexo em si, vai instigar a prática, mas não. Toda informação deve ser passada, desde a primeira infância, sendo o apoio familiar superimportante. É necessário criar esse espaço de segurança para sempre passar essas orientações, sendo que o adolescente também precisa ser ouvido em casa sobre esses cuidados, bem como informado sobre perigos que podem acontecer durante essa fase”, conclui Gabriele.

Texto: Anderson Caldas
Foto: Nonato Sousa / reprodução TV Assembleia

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