A Secretaria Especial da Mulher (antiga Procuradoria) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) ministrou, nesta quinta-feira (18), palestra no evento “Encontro entre Eles sobre Elas”, organizado pela Polícia Militar. O encontro, que reuniu 58 agentes, teve como objetivo compartilhar informações sobre o combate à violência doméstica.
Equipes do Chame (Centro Humanitário de Apoio à Mulher) e do Centro Reflexivo Reconstruir, ambos da PEM, apresentaram as estruturas dos órgãos e discutiram características do ciclo de violência nas relações e as particularidades da violência doméstica em Roraima. A triste realidade do feminicídio no Brasil também foi abordada, com dados alarmantes de uma mulher vítima a cada 7 horas, conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2023).
Jadiel Ribeiro, psicólogo do Centro Reflexivo Reconstruir, explicou os fatores que podem contribuir para que homens, inclusive policiais, cometam violência doméstica. Ele ressaltou a importância de compreender os fatores psicológicos, como o uso de substâncias, transtornos de personalidade e estresse. O objetivo é tratar esses casos de forma humanizada, entendendo o histórico de vida dos autores.
“Claro que temos ciência de que nenhum fator é motivo para violência doméstica, mas sabemos que geralmente esses fatores são percebidos como as principais causas do aumento desse tipo de crime. Por isso, é importante entender o histórico de vida desde a infância até a fase adulta, refletindo em casos como a reprodução do comportamento”, ponderou o psicólogo.
A diretora do Chame, Hannah Monteiro, destacou que o encontro representou uma oportunidade para a corporação aprofundar a compreensão sobre o estado de vulnerabilidade das vítimas.
Ela ressaltou que, muitas vezes, a violência física, a mais reportada às autoridades, é precedida por uma escalada de violência (psicológica, moral, patrimonial, sexual, entre outras), fazendo com que os profissionais na linha de frente não compreendam a intrincada teia desse ciclo.
“Discutimos como as mulheres se sentem após a agressão, como chegam até nós, para que esses policiais compreendam melhor o lado delas. Muitas vezes, elas chegam à polícia, tentam ajudar de alguma forma, mas a vítima não se sente à vontade, não consegue ainda, não tem aquela força para realmente avançar”, frisou.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Miramilton, também avaliou a importância de ampliar o debate dentro da corporação.
“Queremos trazer essa reflexão também para dentro da Polícia Militar. A família é a base de tudo. Portanto, trabalhar o policial para ser exemplo de pai, de família, é essencial para lidar com esse crime que tem aumentado tanto no Estado”, disse.
Essa também é a visão do primeiro-sargento Wendler Lemos. Para ele, o conhecimento pode desempenhar um papel vital na mitigação dos índices de violência locais.
“É crucial estarmos atentos à violência doméstica, que apresenta números expressivos em nosso Estado, mesmo sendo tão pequeno. A Polícia Militar, por ter contato diário com essa situação, deve contribuir para a redução desse crime, porque o conhecimento é libertador, precisamos ter essa conscientização. Precisamos ter conhecimento sobre a legislação, as medidas protetivas pelo poder público. É fundamental essa interação para tentar reduzir esses números tão expressivos”, garantiu o sargento.
Serviços oferecidos
Os serviços (Chame e Núcleo Reflexivo Reconstruir) da Secretaria Especial da Mulher ocorrem na sede em Boa Vista, localizada na Avenida Santos Dumont, 1470, bairro Aparecida, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Os moradores de Rorainópolis e adjacências podem ser atendidos na Rua Senador Hélio Campos, sem número, BR-174, no mesmo horário.
O atendimento remoto é por meio do ZapChame no número (95) 98402-0502, que funciona 24 horas, inclusive aos sábados, domingos e feriados.
Texto: Suellen Gurgel
Foto: Alfredo Maia